quinta-feira, 30 de abril de 2009

Minha vida
Ivanúcia Lopes

Tenho uma vida pra viver.
E apesar de tudo, não quero outra, não.
Quero essa que combina comigo.
Quero essa que me foi dada de graça.
Quero essa que é nova e velha ao mesmo tempo.
Uma vida tranqüila e agitada.
Simples e complicada.
Carente e excessiva.
Uniforme e variável.
Uma vida que mesmo quando dói me faz sorrir.
Uma vida que é luz e escuridão.
Medo e ousadia.
Sonho e ilusão.
Uma vida perfeita mesmo com tudo fora do lugar.
Uma vida que se arruma desajeitada
Prudência e desatino.
Lembrança e esquecimento.
Realização e Lamento.
E na dádiva de cada dia, e na complicação de cada hora, é a minha vida que eu quero.
Tenho medo de perdê-la, afinal, se não posso tê-la como quero, é como se eu me perdesse um pouco dentro dessa vida que não planejei, e que não parece minha.
Espero que ainda dê tempo. Pois tenho minha vida pra viver.

segunda-feira, 13 de abril de 2009



Da janela, chuva.
Dentro do quarto,
respingos no lençol.
Lá fora, chuva.
Silenciosa, ruidosa,
murmurante.
Aqui, paredes encharcadas,
Pensamentos inundados.
Garoa e
tormenta.
Tudo cinzento.

Ah o amor...



Eu amo.






Acho que todo mundo já sonhou um dia com a pessoa ideal para amar.
“Uma pessoa maravilhosa, com inumeráveis qualidades e muito amor para nos oferecer.”
Mas aí tudo seria muito previsível, sem emoção.



E com o tempo acho que todo mundo vai percebendo que não existe alguém ideal para amar. Se assim fosse, não seria amor, seria uma forma mercantilista de recompensar alguém, que por ser tão perfeito, fez por merecer nosso amor.


Não basta termos alguém perfeito para amar se não podemos oferecer a esse alguém a possibilidade de tornar-se melhor. Porque se alguém é perfeito, não há perspectiva de aprendizado. E amor sem crescimento mútuo, não é amor.


E ai, vamos aprendendo que amar, de verdade, não nos impede de ver os defeitos do outro, mas nos permite conhecê-los de perto, e estar perto mesmo assim.


Vamos vendo que para amar não é preciso ter todas as respostas, nem é preciso acertar sempre, porque muitas vezes é importante permitir-se errar para aprender. É necessário compreendermos que o dom de amar iguala-se a grandeza do perdão, e que se não temos a capacidade de nos perdoar, não haverá nunca a disponibilidade de amar verdadeiramente alguém.


Não tenho a fórmula do amor. Nem quero encontrá-la. Porque aí certamente eu escolheria a pessoa perfeita, o lugar perfeito, e o dia perfeito para amar, e se assim fosse, a minha vida seria previsível, sem emoção, sem graça.


Prefiro o amor atribulado e sereno ao mesmo tempo, o amor que me ensina com os erros e acertos, o amor que traduz os segundos antes do beijo e lê os olhares apaixonados nos minutos silenciosos em que não se tem nada a dizer... Eu prefiro o amor, que apesar das imperfeições, sabe ser ideal para mim.


Eu amo. E se amo verdadeiramente, amo por inteiro, virtudes e defeitos, porque também os tenho.


Às vezes demoramos muito até descobrirmos que amamos de verdade, mas quando descobrimos, não queremos nunca mais viver sem amor.



Ivanúcia Lopes

sábado, 4 de abril de 2009

Ivanúcia Lopes

QUEM DISSE QUE CHORAR É RUIM?
Ruim mesmo é ter todas as lágrimas suficientes para lavar-se e por qualquer motivo, ter de guardá-las...
Ruim é abafar o choro debaixo do lençol...
Ruim é ter que chorar no banho para que ninguém nos veja.
Ruim é ter que se segurar para não desabar a qualquer hora, justamente porque há inconveniências.
Ruim é ter que engolir o choro...e soluçar escondido.
Ruim é ter que chorar para assumir nossa fraqueza.
Ruim é fazer os outros tristes.
Ruim é lamentar pelo que fez, e pelo que não fez.
Ruim é amar e não ser retribuído do mesmo jeito.
Ruim é chorar sempre as mesmas lágrimas.
Ruim é chorar pelo mesmo erro.
Ruim é continuar errando...e chorando por isso.
Ruim é não ter lágrimas suficientes para chorar.
Ruim é ter que se fazer de forte quando nem suas pernas se agüentam ficar de pé.
Ruim éter que calar, simplesmente, para não chorar com a próxima palavra.
Ruim é ter que ouvir um adeus e dizer que não dói.
Ruim é ter que se despedir e deixar alguém aos prantos...
Ruim é ter que olhar com os olhos cheios de lágrimas para aquele que nunca te viu assim.
Ruim é ver alguém que você ama chorar, e não ser forte o suficiente para acalentar.
Ruim é ter vergonha de chorar.
Ruim é fazer os outros chorarem por nossa causa...
E depois de tudo isso, sempre nos restará uma lágrima perdida que passeará em nosso rosto, para lavar a nossa alma e aliviar o nosso peito.
Portanto, chorar não é ruim, até faz bem. (?!)

quinta-feira, 2 de abril de 2009


Uma música...


A musicalidade sempre se manteve muito viva na história. E muitas vezes, não raras vezes, sempre nos deparamos cantarolando uma ou outra canção que embalou nossos sonhos...nossos dias...nossos momentos. O fato é que a música reflete a vitalidade das coisas e as torna mais bonita, mais real, ou então menos dolorida. Já imaginou como seria a nossa vida se não tivéssemos uma música na ponta da língua para cantarmos na hora do banho? Já imaginou como seria viajar por longas horas e não ouvir sequer um som ruidoso de uma rádio que toca Roberto Carlos? Já imaginou como seria difícil embalar os sonhos de uma criança sem cantar “Nana neném”!


É verdade que muitas vezes saímos do compasso. Damos voltas por onde não devíamos e desafinamos. Subimos, descemos e erramos... Mas a certeza é que sem música a vida seria um tédio.

Existem inesquecíveis canções que marcaram época, outras que se foram com cada estação. Outras que nem a censura apagou. Umas que mesmo regravadas cem vezes, sempre expressam um sentimento novo. É a música que na solidão, nos faz companhia. É a música que na dor, nos acalenta. É a música que no desespero, mostra uma saída. É a música, que no quarto bagunçado do adolescente, embala as dores de um coração também desconcertado. É a música que, às vezes, faz chorar. É a música que, às vezes, faz sorrir. É a música que sempre, em qualquer ocasião, canta a vida.


É a música que se faz companhia, que se faz solução, que se faz razão.

É a música que para o cansaço, o lamento, a dor, a glória, se faz essência.


Cante! Mesmo que erre a letra e tropece nas palavras.

Cante! Mesmo quando a tristeza sufocar sua voz.


Cante! Mesmo quando ninguém te acompanhar.

E mesmo quando não estiver tocando uma canção...você saberá qual a sua música nesse momento.


Mas, não viva sem música. Seria triste.